Não há como fugir ao destino, parecem-nos sussurrar as
páginas deste belíssimo Sortes de Villamor, de Nilma Lacerda. Mas o destino
quem o constrói somos nós mesmos, perseguindo sonhos e ideais - essa a lição
que fica reverberando após conhecermos a história de Branca, uma francesa,
descendente direta do Marquês de Villemaur, narrada por Caim de Node, um negro
forro que mantém uma "banca de escrita" em Salvador, no começo do
século XIX. Dono de um estilo elegante, o narrador conta como, após um naufrágio,
Branca é amparada por Ismê Catureba, que mantém uma "casa de acolhida, de
cura e de predição", e como, ao se cruzarem, suas vidas se modificam para
sempre. Branca acompanha de perto, mesmo às vezes sem compreender, o embate de
Ismê para manter vivas as tradições africanas (o calundu, o saber dos ventos e
das ervas). Ao mesmo tempo, Caim expõe suas dúvidas e desejos, até que, numa
decisão surpreendente, larga tudo para lutar pela libertação de seu povo. E,
longe da pátria, todos se esforçam na edificação de um novo país, esse, em que
habitamos agora.
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